segunda-feira, outubro 12, 2009

Osho - Os Políticos e o Sentimento de Inferioridade

Todos os dias visito um blog muito especial - http://www.palavrasdeosho.com/ - e todos os dias as suas mensagens servem para reflexão e meditação, para mim a de hoje é simplesmente perfeita e está em perfeita sintonia com o meu presente, aqui fica:

"Os Políticos e o Sentimento de Inferioridade

O que os políticos têm feito no mundo inteiro, ao longo de toda a história, é simplesmente desumano e feio. Mas a razão, a razão básica, é que eles têm um sentimento profundo de inferioridade e querem provar a si mesmos que não."Olhe, você tem tanto poder, tem tantas pessoas na mão, que pode mandar e desmandar, tem tantas armas nucleares! Simplesmente aperte um botão e pode destruir o planeta inteiro."

"Osho, em "Faça o Seu Coração Vibrar"
retirado de:
http://www.palavrasdeosho.com/2009/10/os-politicos-e-o-sentimento-de.html

quarta-feira, outubro 07, 2009

Omraam Mikhaël Aïvanhov

"Os humanos têm o hábito de responder ao mal com o mal, ao ódio com o ódio, à violência com a violência, mas esta velha filosofia não pode dar bons resultados. É pelo bem que nos opomos ao mal, é pelo amor que afastamos o ódio e é pela doçura que combatemos a violência. Se o mal acaba por ser vencido, é porque Deus lhe recusou a imortalidade. Todas as palavras e todos os actos de ódio podem ser comparados a uma pedra atirada ao ar: quanto mais tempo passa, menos força ela tem para subir. Pelo contrário, uma boa palavra ou um acto de bondade podem ser comparados a uma pedra atirada do alto de uma torre: com o tempo, o seu movimento e a sua força aumentam. É este o segredo do bem: é fraco no começo, mas todo-poderoso no fim. O mal, pelo contrário, é todo-poderosono começo, mas vai enfraquecendo."





As Edições Prosveta têm a alegria de lhe oferecer o pensamento Agradecemos o interesse que manifestou pela nossa edição electrónica. Para consultar no site das Edições Prosveta o pensamento do dia paginado, assim como as outras obras de Omraam Mikhaël Aïvanhov: http://www.prosveta.com/.

terça-feira, julho 14, 2009

14 de Julho de 1789 - Tomada da Bastilha

Eugène Delacroix, La Liberté guidant le peuple, 1830
Tomada da Bastilha
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Tomada da Bastilha (em
francês: Prise de la Bastille) foi um evento central da Revolução Francesa, ocorrido em 14 de julho de 1789. Embora a Bastilha, fortaleza medieval utilizada como prisão contivesse, à época, apenas sete prisioneiros, sua queda é tida como um dos símbolos daquela revolução, e tornou-se um ícone da República Francesa. Na França, o quatorze juillet (14 de julho) é um feriado nacional, conhecido formalmente como Fête de la Fédération ("Festa da Federação"), conhecido também como Dia da Bastilha em outros idiomas. O evento provocou uma onda de reações em toda a França, assim como na Europa, que se estendeu até a distante Rússia Imperial.
Durante o reinado de
Luís XVI, a França passava por uma grande crise financeira, desencadeada pelo custo da intervenção do país na Guerra Revolucionária Americana, e exacerbada por um sistema desigual de taxação. Em 5 de maio os Estados-Gerais de 1789 se reuniram para lidar com o problema, porém foram impedidos de agir por protocolos arcaicos, e pelo conservadorismo do Segundo Estado, que consistia da nobreza - 2% da população do país na época. Em 17 de junho o Terceiro Estado, com seus representantes vindos da classe média, ou bourgeoisie (burguesia), se reorganizou na forma da Assembleia Nacional, uma entidade cujo propósito era a criação de uma constituição francesa. O rei inicialmente opôs-se a este acontecimento, porém eventualmente foi obrigado a reconhecer a autoridade da assembleia, que passou a ser chamada de Assembleia Nacional Constituinte.
A invasão da Bastilha e a consequente
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão formaram o terceiro evento desta fase inicial da revolução. A primeira havia sido a revolta da nobreza, ao se recusar a ajudar o rei através do pagamento de impostos.[1] A segunda havia sido a formação da Assembleia Nacional e o Juramento da Sala do Jogo da Péla.
A classe média havia formado a Guarda Nacional, ostentado
rosetas tricolores, em azul, branco e vermelho, que logo se tornariam o símbolo da revolução.
Paris estava à beira da insurreição e, nas palavras de
François Mignet, "intoxicada com liberdade e entusiasmo",[2] mostrando amplo apoio à Assembleia. A imprensa publicava os debates realizados na Assembleia, e o debate político acabou se espalhando para as praças públicas e salões da capital. O Palais-Royal e seus jardins tornaram-se palco de uma reunião interminável; e a multidão ali reunida, enfurecida, decidiu arrombar as prisões da Abbaye para soltar alguns granadeiros que teriam sido presos por disparar contra o povo. A Assembleia encaminhou os guardas presos à clemência do rei, e após retornarem à prisão, acabaram por receber o perdão. As tropas, até então consideradas confiáveis pelo rei, agora passaram a tender pela causa popular.

História
A grande prisão do estado terminou sendo invadida porque um jornalista, Camille Desmoulins, até então desconhecido, discutiu em frente ao Palácio Real e pelas ruas dizendo que as tropas reais estavam prestes a desencadear uma repressão sangrenta sobre o povo de Paris. Todos deviam socorrer-se das armas para defender-se. A multidão, num primeiro momento, dirigiu-se aos Inválidos, o antigo hospital onde concentravam um razoável arsenal. Ali, apropriou-se de três mil espingardas e de alguns canhões. Correu o boato de que a pólvora porém se encontrava estocada num outro lugar, na fortaleza da Bastilha. Marcharam então para lá. A massa revoltosa era composta de soldados desmobilizados, guardas, marceneiros, sapateiros, diaristas, escultores, operários, negociantes de vinhos, chapeleiros, alfaiates e outros artesãos, o povo de Paris enfim. A fortaleza, por sua vez, defendia-se com 32 guardas suíços e 82 "inválidos" de guerra, possuindo 15 canhões, dos quais apenas três em funcionamento.
Durante o assédio, o
marquês de Launay, o governador da Bastilha, ainda tentou negociar. Os guardas, no entanto, descontrolaram-se, disparando na multidão. Indignado, o povo reunido na praça em frente partiu para o assalto e dali para o massacre. O tiroteio durou aproximadamente quatro horas. O número de mortos foi incerto. Calculam que somaram 98 populares e apenas um defensor da Bastilha.
Launay teve um fim trágico. Foi decapitado e a sua cabeça espetada na ponta de uma lança desfilou pelas ruas numa celebração macabra. Os presos, soltos, arrastaram-se para fora sob o aplauso comovido da multidão postada nos arredores da fortaleza devassada. Posteriormente a massa incendiou e destruiu a Bastilha, localizada no bairro Santo Antônio, um dos mais populares de Paris. O episódio, verdadeiramente espetacular, teve um efeito eletrizante. Não só na França mas onde a notícia chegou provocou um efeito imediato. Todos perceberam que alguma coisa espetacular havia ocorrido. Mesmo na longínqua Königsberg (hoje
Kaliningrado, na Prússia Oriental, atingida pelo eco de que o povo de Paris assaltara um dos símbolos do rei, fez com que o filósofo Immanuel Kant, exultante com o acontecimento, pela primeira vez na sua vida se atrasasse no seu passeio diário das 18 horas.
A queda da Bastilha, no 14 de Julho de 1789, ainda hoje é comemorada como o principal feriado francês.
Referências
Gross, David. We Won’t Pay!: A Tax Resistance Reader, 139–153.
Mignet, François. History of the French Revolution from 1789 to 1814, disponível no Projeto Gutenberg.
Este artigo incorpora o texto da
Encyclopædia Britannica Eleventh Edition, uma publicação agora em domínio público.
Este artigo foi inicialmente traduzido a partir do artigo da Wikipédia em
inglês cujo título é Storming of the Bastille, especificamente a partir desta versão.
In http://pt.wikipedia.org/wiki/Tomada_da_Bastilha

sexta-feira, junho 26, 2009

Perfeito !!!




"Não há nada que Eu tenha que Ter, Não há nada que Eu tenha que Fazer e não há nada que Eu tenha que Ser, excepto o que Sou neste preciso Momento"


in "Conversas com Deus II" - Neal Donald Walsch

segunda-feira, junho 22, 2009

Assumo




Assumo que sou um poço de dúvidas, e como qualquer poço tenho a esperança de ter um fim, mesmo que alimentado por uma nascente subterrânea. Assumo que penso no mundo como um cenário experimentalista onde o Amor toma forma nos nossos actos e nas nossas escolhas. Assumo que por mais que tente viver em consciência, o Projecto Terra precisa de seres imperfeitos, grupo no qual me incluo, para que o processo de ascensão de realize. Assumo que nem sempre cativo em mim a luz para iluminar uma sala. Assumo que em determinadas circunstâncias limito o dar. Assumo que actuo como um pequeno ditador. Assumo que tenho consciência da escolha. Assumo que aprendi a viver com isso. Assumo que essa consciência me dá paz. Assumo que gostava de ver mais longe, de ter a perspectiva da evolução, de saber para onde vamos… mas depois no interior do meu Ser, sinto a resposta… vamos para o Todo, porque fazemos parte dele, mesmo que por breves instantes, uma encarnação ou mil, sejamos partes diversas de uma Unidade Maior. Por isso assumo a Responsabilidade e todos os dias tento ser o Mestre do Meu Dia e fazer o melhor a cada instante….

sexta-feira, junho 19, 2009

Caminhos insondáveis - Omraam Mikhaël Aïvanhov





Perfeito!!!


"Ouve-se dizer muitas vezes que os desígnios de Deus são insondáveis. Isto significa que, mesmo que, aparentemente, o destino de um ser se apresente com o mais desfavorável dos aspectos, não se sabe se, afinal, esses acontecimentos não vão conduzi-lo a um maior bem. E o mesmo pode suceder em sentido inverso.Vós ligais-vos a um determinado homem ou a uma determinada mulher, escolheis uma determinada profissão, ides habitar numa determinada cidade, tendes determinada doença… e não sabeis aonde tudo isso vos conduzirá. Mesmo que a vossa ligação ou a vossa profissão não seja um sucesso, mesmo que a doença vos retenha na cama durante meses, isso pode ser o destino que, por caminhos escusos, vos conduz para aquilo que, no final, se revelará o melhor para vós.


Não podeis pronunciar-vos enquanto a vossa vida não tiver chegado ao seu termo, pois, muitas vezes, é por essas vias “insondáveis” que o mundo invisível vos conduz para a luz."




Para consultar no site das Edições Prosveta o pensamento do dia paginado, assim como as outras obras de Omraam Mikhaël Aïvanhov: www.prosveta.com.




terça-feira, junho 16, 2009

Omraam Mikhaël Aïvanhov - acho apropriado para hoje


"Mesmo os místicos afirmaram que a busca de Deus, do absoluto, é longa, decepcionante, e que eles tinham a impressão de andar a tactear no vazio. E é verdade, por vezes tem-se a impressão de que se está a fazer esforços em vão; mas isso não passa de aparência e não se deve desanimar. Consideremos um exemplo. Um homem cava um poço para ter água e matar a sede. Ele não sabe a que profundidade vai descobri-la e, nessa incerteza, poderia desanimar. Mas ele tem a imagem dessa água na sua cabeça, no seu coração, na sua alma. Ele vive com a ideia, o pensamento, a esperança na água, e, mesmo que ela ainda não jorre fisicamente, pelo menos jorra nele. Do mesmo modo, aquele que procura Deus, ainda que, aparentemente, nada encontre, trabalha com uma realidade muito poderosa que vive nele e pode dizer para si mesmo: «É certo que ainda não encontrei realmente Deus, mas Ele manifesta-Se através dos meus pensamentos, dos meus sentimentos, do meu desejo.»

E esta esperança, esta fé, já é Deus."

Para consultar no site das Edições Prosveta o pensamento do dia paginado, assim como as outras obras de Omraam Mikhaël Aïvanhov: http://www.prosveta.com.

sexta-feira, junho 05, 2009

Congresso Terra 2009



Sim, admito que sim, são estes os meus pensamentos... a ideia de que todos poderemos meditar pelo Planeta que de uma forma tão gentil e paciente nos fornece o cenário ideal para criar o Amor na materia, faz parte das coisas que penso e das coisas que faço... se puderem apareçam fisicamente, se quiserem sintonizem-se espiritualmente...

As informações terrenas e de localizção estão no Congresso Terra 2009

terça-feira, junho 02, 2009

Omraam Mikhaël Aïvanhov - chaves da espiritualidade




"Uma casa é feita de diferentes divisões e cada divisão tem pelo menos uma porta com fechadura e chave. Não se pode abrir todasas portas com a mesma chave e, portanto, é necessário ter, para cada fechadura, a chave correspondente. Sim, a importância da chave!Na vida psíquica também existem diferentes chaves para abrir as diferentes portas que são o intelecto, o coração e a vontade, graças aos quais nós pensamos, sentimos e agimos. Há quedescobrir essas chaves e aprender a servir-se delas. As três chaves essenciais são o amor, a sabedoria e a verdade. A sabedoria abre o intelecto, o amor abre o coração e a verdade abre a vontade. Quando tendes um problema, experimentai estas chaves. Não conseguis com a primeira? Tentai a segunda. A segunda também não abre? Tentai a terceira. Se souberdes como proceder, é impossível que uma destas chaves não acabe por resolver o vosso problema."


Para consultar no site das Edições Prosveta o pensamento do dia paginado, assim como as outras obras de Omraam Mikhaël Aïvanhov: http:// http://www.prosveta.com/.

sexta-feira, maio 29, 2009

Ditador interno - pensamento de Omraam Mikhaël Aïvanhov


"Ao longo da História, quantos monarcas, que não estavam à altura da situação, foram derrubados pelo povo! Eles julgavam que podiam cometer impunemente todas as injustiças e crueldades,mas, entretanto, outros se revoltavam e preparavam subterraneamente a sua queda.Toda a gente sabe isso, mas quantos compreenderam que essas mesmas revoltas, essas mesmas inversões de situação, também ocorrem na sua vida interior? Interiormente, o rei, isto é, o próprio homem, deixa-se ir atrás da preguiça ou da devassidão,de todos os excessos. Algum tempo mais tarde, há forças hostis que se apoderam dele, o põem num cárcere e governam em seu lugar, isto é, ele é vítima de doenças, de acidentes, deperturbações psíquicas. Até ao dia em que compreende que tem todo um trabalho a fazer para reconquistar o seu lugar à cabeçado seu reino."


Para consultar no site das Edições Prosveta o pensamento do dia paginado, assim como as outras obras de Omraam Mikhaël Aïvanhov: http://www.prosveta.com/.

quarta-feira, maio 20, 2009

Anjos nas nuvens



Olhei neste momento para o céu. Como é habitual, cada vez que me liberto do poiso laboral e intoxico o meu corpo em consciência. Olhei, senti e vi uma horda de anjos a colorir aquele azul magnífico, soltavam-se como farripas de uma grande nuvem e flutuavam. As suas asas pareciam copas de árvores que se esticavam e tocavam na minha alma, senti a missão, senti o projecto Terra. Senti a unidade na diversidade e o todo nas suas partes. Agradeço profundamente este momento de ser una com o todo, sentindo o todo a vibrar em mim!

quinta-feira, abril 30, 2009

Antes do Nascer do Sol


Já passou um mês sobre a mudança de cenário. Mantive alguns personagens ao meu redor, talvez a maioria, alterei as relações e a proximidade de convívio. Creio que todos os dados estão lançados e a dúvida irá manter-se, mesmo que para além desta experiência, será que somos nós que criamos as limitações ? ou são as condicionantes do cenário que nos limitam ? Parto na aventura, tento estar aberta ao sucesso das duas hipóteses, mas assumo que o meu pré-conceito é que as duas questões são válidas e complementares, ou seja, tanto eu faço o cenário como ele se adequa a mim… Grande epifania ou talvez não….

terça-feira, março 24, 2009

Novo Ano, Experiência adaptada

Por vezes é menos fácil estar na Terra. Quando criei este blog tinha a pretensão de relatar a experiência, talvez num tom de confessionário, talvez num tom descritivo qual cientista no terreno. O certo é que são poucas as minhas palavras e mais as colagens com as quais identifico o estado da minha alma.
Estado de alma também não era o objectivo deste diário online, era a experiência que me atraia, tal como um alien do seu ovni estaria observar a bela da crosta terrestre, os seus seres, os seus meios, os seus elementos… mas confesso que saltei a fase da carapaça de ET, e transvisto-me de humano, esqueço em consciência de observar outras espécies, outros ecossistemas e fico neste… assumo que é uma tarefa hercúlea pois este é subdivide-se em outros tantos quanto seu exponencial (espero que tinha parecido cientifico, credível e até interessante a utilização desta expressão completamente vazia).
Estar na TERRA é interessante, mas complexo de se estar. Sentir, pensar, ouvir também são momentos, etapas, componentes e compostos de definição complexa e, como na complexidade reside a simplicidade, vou-me esquecer conscientemente do método e vou observar, sentir e viver como humano. Em todo o caso esta experiência à qual me vou sujeitar por uma parcela de tempo indeterminada, conta com um desafio. Um desafio que introduz na formula substituir o porquê pela útil questão para quê, tal como olha a energia do medo de frente e desafiar-me a usar a energia criativa do amor.
Feito que está o papel humano que vou desempenhar, resta o guião e para tal conto com a realidade em que estou inserida, conto com o contexto de um planeta global visto na TV e conto com a sincronicidade do universo em permear-me com momentos de Estar na Terra.

segunda-feira, março 16, 2009

Bernardo Soares (Fernando Pessoa) - 166


166
166 L. do D.


28-9-1932



Há muito – não sei se há dias, se há meses – não registro
impressão nenhuma; não penso, portanto não existo. Estou
esquecido de quem sou; não sei escrever por que não sei ser. Por
um adormecimento oblíquo, tenho sido outro. Saber
que não lembro é despertar.

Desmaiei um bocado da minha vida. Volto a mim sem memória do
que tenho sido, e a do que fui sofre de ter sido interrompida. Há em
mim uma noção confusa de um intervalo incógnito, um esforço fútil
de parte da memória para querer encontrar a outra. Não consigo
reatar-me. Se tenho vivido, esqueci-me de o saber.

Não é que seja este primeiro dia do outono sensível – o primeiro de
frio não fresco que veste o estio morto de menos luz – que me dê,
numa transparência alheada, uma sensação de desígnio morto ou de
vontade falsa. Não é que haja, neste interlúdio de coisas perdidas,
um vestígio incerto de memória inútil. É, mais dolorosamente que
isso, um tédio de estar lembrando o que se não recorda, um
desalento do que a consciência perdeu entre algas ou juncos, à
beira não sei de quê.

Conheço que o dia, límpido e imóvel, tem um céu positivo e azul
menos claro que o azul profundo. Conheço que o sol, vagamente
menos de ouro que era, doura de reflexos húmidos os muros e as
janelas. Conheço que, não havendo vento, ou brisa que o lembre e
negue, dorme todavia uma frescura desperta pela cidade indefinida.
Conheço tudo isso, sem pensar nem querer, e não tenho sono
senão por lembrança, nem saudade senão por desassossego.

Convalesço, estéril e longínquo, da doença que não tive.
Predisponho-me, ágil de despertar, ao que não ouso. Que sono me
não deixou dormir? Que afago me não quis falar? Que bom ser
outro com este hausto frio de primavera forte! Que bom poder ao
menos pensá-lo, melhor que a vida, enquanto ao longe na imagem
relembrada, os juncos, sem vento que se sinta, se inclinam glaucos
da ribeira!

Quantas vezes, relembrando quem não fui, me medito jovem e
esqueço! E eram outras que foram as paisagens que não vi nunca;
eram novas sem terem sido as paisagens que deveras vi. Que me
importa? Findei a acasos e interstícios, e, enquanto o fresco do dia é
o do sol mesmo, dormem frios, no poente que vejo sem ter, os
juncos escuros da ribeira.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Tudo o que Faço ou Medito - Fernando Pessoa

Esta tem sido uma semana de ponderação, até mais que reflexão e aqui agradeço a este grande ser Fernando Pessoa, por expressar de uma forma tão bela uma das minhas brilhantes conclusões.

Tudo o que Faço e Medito

Tudo que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço –

Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.

Fernando Pessoa
www.astormentas.com

Triste de Quem Vive em Casa - Fernando Pessoa

Triste de quem vive em casa



Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!


Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz-
Ter por vida a sepultura.
...

Grécia, Roma, Cristandade,
Europa - os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?


Fernando Pessoa

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Sentada à beira da Estrada

A caminhada está iniciada, resta saber a forma como vamos percorrer o caminho. Será que o vamos sentir nos pés, será que o vamos sentir nas mãos, será que o vamos sentir como uma brisa nos cabelos? Será que o vamos deixar de sentir. E mesmo que o façamos, será o suficiente para não percorrermos o caminho. Muitos de nós estão pesados, têm malas e malas, alguns trazem baús e outros usam veículos para carregar tanta coisa que vão precisar quando chegarem ao destino. Provavelmente, alguns vão querer ficar sentados, mesmo que seja no meio do caminho, afinal até aqui tem sido uma montanha-russa de pisos, pavimentos e escolhas, e a carga é pesada, o corpo dói e o sonho foge. Outros já antevêem o destino, outros sabem que tal coisa não existe e o que conta é a viagem. Eu creio que pertenço a este último grupo, ainda tenho uma mala ou duas, mas cada vez mais olho menos para elas, ainda as arrasto mas coloquei-lhes umas rodinhas, parecem mais leves, só que ainda pesam. Caminho e o chão é sentido nos pés, não com desconforto, mas com a certeza que tenho corpo e que posso ir fazendo o caminho, sinto a brisa nos cabelos, sinto porque estou atenta, afinal é uma brisa. Faço o caminho pela viagem e aprecio cada momento, uma vez ou outra sento-me à beira da estrada principal, observo os meus companheiros, saúdo-os e desejo-lhes força e alegria, elogio a coragem dos que experimentam atalhos, azinhagas e até desbravam novos trilhos.
Neste momento, estou parada na beira da estrada, olho os meus irmãos, vejo a estrada e observo os novos trilhos, estou a decidir o que fazer, abri uma mala e olho para o conteúdo, penso se ainda tenho que transportar estas coisas, penso se o que elas significam não existe e vive em mim, será que ainda preciso destas coisas para me lembrar, para amar…olho um velho caderno de apontamentos, abro em busca de um significado, de uma resposta. O que encontro faz-me sorrir, fala de uma oposição do senhor Saturno ao arrojado Úrano e como apontamento coloquei de lado a anotação: “O que não tem consistência é abandonado”. Faz-me sorrir e começar a decidir….